Os vinhos chilenos são considerados grandes joias do Novo Mundo atualmente, e isso acontece tanto pela variedade de rótulos e sabores, quanto pela qualidade das bebidas, que são beneficiadas desde o plantio até o momento da colheita das uvas por uma condição climática única.

Estamos falando de um dos maiores exportadores de vinho da América Latina, país que a cada ano se especializa mais no ramo da vitivinicultura, mas que enfrentou inúmeros desafios até conquistar esse posto. 

Quer entender melhor sobre a história do vinho chileno, a geografia do país e as principais uvas cultivadas neste solo latino-americano? Nós te  contamos tudo em detalhes neste artigo. Prepare sua taça de vinho e boa leitura! 

A HISTÓRIA DOS VINHOS CHILENOS

Para entender melhor como o vinho entrou de vez para a história, para a cultura e para a economia do Chile, é preciso ter em mente, em primeiro lugar, que o país foi diretamente influenciado pelos períodos históricos em que viveu.

Dito isso, como tudo começou de fato? A indústria vinícola chilena decolou após a independência do país, que aconteceu em 1818, porém, as primeiras sementes de uva desembarcaram no Chile junto com os espanhóis em meados do século XVI.

Historiadores apontam que a uva País foi uma das primeiras a serem trazidas da Europa até para o Chile, e que desde 1548 a produção de vinhos já havia se iniciado pelo colonizador Francisco de Aguirre, na região norte do país. Na capital Santiago, o responsável pela introdução das vinhas foi o espanhol Diego Garcia de Cáceres, que também protagonizou o processo de colonização do Chile.

Nesta época, o vinho era muito utilizado em rituais religiosos, tanto aqui na América Latina como em outros  lugares do mundo. Além disso, País foi, por muitos anos, uma das cepas consideradas a rainha do Chile, até que por volta do ano de 1850 as uvas francesas, originárias de Bordeaux, também chegaram ao país e aos poucos mudaram este cenário – não se preocupe, pois falaremos em detalhes quais são essas uvas em breve!

A partir do século XIX, grandes mudanças ocorreram: a independência da nação chilena em relação à Espanha consequentemente colaborou para uma abertura ao mercado externo, a aquisição de novas tecnologias e a modernização dos vinhedos. Como resultado, o país se afastou significativamente do modelo europeu de produção e foi  adquirindo personalidade e identidade própria. 

Chegamos ao ano de 1900, no qual os vinhos chilenos estavam cada vez mais consolidados e reconhecidos mundo afora. Porém, outro fator histórico abalaria fortemente esse cenário: a Segunda Guerra Mundial, que ocorreu entre os anos de 1939 e 1945, trazendo grandes prejuízos para a produção, que entrou em recesso por anos.

Entre as décadas de 1970 e 1980 a situação ficou ainda pior, devido às tensões políticas vividas por conta da ditadura civil e militar. A consequência desses fatores foi uma queda brusca tanto na produção quanto no consumo da bebida, que inclusive resultou no extermínio de inúmeras videiras

Como citamos no início, foram muitos os desafios enfrentados pelo país até que ele finalmente pudesse atingir o seu apogeu, mas quando chegou, esse momento definitivamente mudou os rumos dessa história – e para melhor! 

Com o passar do tempo, felizmente, o vinho chileno se reergueu. Entre as décadas de 80 e 90 que o país passou a investir ainda mais na qualidade da produção dos vinhos chilenos, iniciando uma jornada, que o levaria a se tornar um dos maiores exportadores do mundo, conquistando admiração a nível internacional, inclusive por parte de especialistas do ramo. Outro grande marco histórico foi a regulamentação da vinícola do Chile, que aconteceu em 1995.

Crescendo a todo vapor na década de 1990, a economia chilena se deparava com um governo que estava voltando à democracia, o que abriu brecha para novas oportunidades de exportação da bebida para a Europa e os Estados Unidos. Eis o início de uma nova era: os vinhos produzidos conquistaram cada vez mais entusiastas mundo afora, devido ao grande potencial, qualidade e ótimo custo-benefício, o que também resultou em relações comerciais com outros países. 

Sem dúvidas, algumas das razões pelas quais o mercado de vinhos chilenos se recuperou rapidamente depois de tantos conflitos, são as centenas de anos de experiência com as vinhas, adquiridas ao longo dessa história em que estamos contando. Além disso, o Chile conta com um clima perfeito para o cultivo de uvas e uma localização geográfica privilegiada – e é isso que você vai entender melhor a seguir. Vamos lá?

GEOGRAFIA E CLIMA

O Chile é geograficamente único! Localizado entre um deserto ao norte, geleiras ao sul, a Cordilheira dos Andes ao leste e o Oceano Pacífico a oeste, é um país com um dos maiores litorais do mundo. 

Apesar dos litorais serem bem diferentes entre si, o que elas têm em comum é a presença da corrente de Humboldt ou corrente do Peru – e do que se trata isso? Esta é uma corrente oceânica de superfície que percorre o oceano Pacífico, e, junto das brisas marinhas, refrescam os vinhedos.

É importante ressaltar que a Cordilheira dos Andes também se manifesta como um regulador de temperaturas, tendo em vista que a temperatura média do local fica entre os 14ºC, com variação de 30ºC a 35ºC pela manhã e 10ºC e 15ºC à noite.

Certo, mas como a Cordilheira auxilia regulação das temperaturas? O que acontece é o seguinte: as montanhas causam uma espécie de efeito estufa no inverno e na primavera, ao passo que ajudam no resfriamento durante o verão.

Basicamente, as massas de ar quente se unem ao ar fresco do mar, originando nuvens e neblinas que penetram nos vales e consequentemente diminuem as temperaturas no verão. Isso resulta em uma colheita de uvas com muito mais equilíbrio e caráter, afinal, as videiras encontram boas condições na época de brotação no que diz respeito à proteção contra o frio, e, no período em que amadurecem, recebem o ar fresco que necessitam para maturar as uvas com moderação.

E não acaba por aí: além de tudo isso, a Cordilheira dos Andes e o Oceano Pacífico, em conjunto, formam uma barreira natural contra pragas como Phylloxera Vastatrix (Filoxera) – doença que devastou inúmeras plantações aos arredores do mundo no começo do século XX, principalmente na Europa, mas que não abalou os vinhedos dessa região. Os solos arenosos do país também contribuem muito para que essa praga não atinjam as vinhas locais.

O país também conta com uma grande diversidade de climas, do mediterrâneo ao temperado, uma vez que existem grandes diferenças de relevo e altitude ao longo de seu território, de 177 km de largura e cerca de 4300 km de comprimento. Esse fator influencia diretamente nos vinhos, já que a mesma uva pode gerar vinhos mais ácidos ou mais frutados, a dependerem do terroir onde foi cultivada.

Agora que você já sabe mais sobre a história e toda as condições climáticas do território chileno, que tal aprender mais sobre as principais regiões vinícolas do país? Veja só:

REGIÕES

Como vimos, os vinhos chilenos podem variar devido ao local onde foram elaborados. Dentre as principais regiões vinícolas, temos:

REGIÃO DE COQUIMBO

Coquimbo faz fronteira com o deserto do Atacama e é, dentre as principais regiões vinícolas do Chile, a que está mais ao norte. Aqui, encontramos três sub-divisões: Valle del Elqui, Valle del Limarí e Valle del Choapa. Os três vales têm característica sutilmente diferentes entre si, mas todos se beneficiam de um sol intenso e da perda de calor causada pelas brisas marítimas. 

O Valle del Elqui é conhecido pelos seus rótulos de Syrah e Sauvignon Blanc, enquanto o Valle del Limarí produz alguns dos melhores Chardonnay do Chile.

REGIÃO DE ACONCAGUA

Embora muito conhecida, esta é uma das menores regiões do Chile no que diz respeito à vitivinicultura. Aqui, temos as sub-regiões do Valle del Aconcagua, Valle de Casablanca e o Valle de San Antonio, sendo que as duas últimas são vizinhas e compartilham características similares entre si.

Enquanto o Valle del Aconcagua é estreito e de encostas íngremes, o Valle de Casablanca e o Valle de San Antonio são muito heterogêneas e oferecem uma grande variedades de solos, além de receberem nevoeiros durante a manhã e os ventos que sopram durante a tarde, beneficiando principalmente as castas brancas como Sauvignon Blanc e Chardonnay, especialmente no Valle de San Antonio. 

REGIÃO DO VALLE CENTRAL

A maior produtora de vinhos chilenos é a extensa região do Valle Central, que se estende para sul, desde a capital Santiago até a sub-região do Valle de Itata. É um local plano e moderadamente quente, que está dividido em quatro sub-regiões: Valle del Maipo, Valle de Curicó, Valle del Maule e Valle del Rapel, que por sua vez, se divide em duas zonas, Valle del Cachapoal e Valle de Colchagua.  

Ufa! Grande mesmo, não é? Mas saiba que, daqui, o Valle del Maipo é o centro clássico da indústria de vinhos chilenos, já que está próxima a Santiago, capital do país. 

O Valle Central é uma das Denominações de Origem do país, conforme o Decreto nº Agricultura 464, de 14 de dezembro de 1994, que regulamenta e dita as normas das denominações locais.

REGIÃO DO SUL

Esta região se divide em três sub-regiões: Valle de Itata, Valle del Bío Bío e Valle de Malleco. O clima nos vinhedos dessas sub-regiões se tornam notavelmente mais frescas e mais úmidas quanto mais a sul elas se encontram.

Nesses locais, as uvas que mais se destacam são: País, Moscatel de Alexandria, Pinot Noir e Chardonnay. E por falar em uvas, vamos descobrir quais são as mais cultivadas do Chile, confira:

AS UVAS TINTAS DOS VINHOS CHILENOS

As uvas tintas sempre representam a maioria das plantações do Chile, tanto que no ano de 2013, castas tintas representavam 74,1% da área total dos vinhedos chilenos, e, atualmente, este número provavelmente é ainda maior. Mas quais são as uvas que mais se destacam nesse terroir único? 

CABERNET SAUVIGNON

É praticamente impossível falar sobre vinhos sem levar em consideração uma das uvas mais plantadas no mundo, e, por isso, considerada a rainha das uvas tintas, Cabernet Sauvignon.

Resultado do cruzamento entre as uvas Cabernet Franc e Sauvignon Blanc, a Cabernet Sauvignon tem a sua origem registrada em Bordeaux, o que não a impediu de se adaptar muito bem ao clima chileno.

Essa é a casta mais cultivada no país, e a “mais importante casta do Chile”, segundo a crítica de vinhos Jancis Robinson. Originando desde as bebidas do dia a dia até rótulos mais complexos, sempre com um toque de fruta madura e taninos mais presentes e mais sedosos, os vinhos chilenos elaborados com esta célebre uva são excelentes para acompanhar carnes vermelhas

Para entender melhor, só degustando – e a nossa sugestão é o típico Aves Patagónicas e o renomado Peñalolen, assinado pelo enólogo Jean-Pascal Lacaze, que traz a proposta de elaborar um vinho chileno aos moldes do terroir francês de Saint-Émilion.

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*Sujeito a alteração de estoque.

CARMÉNÈRE

Como vimos antes, os vinhos chilenos têm uma história repleta de altos e baixo, certo? E a francesa e popular uva Carménère é uma das provas do desenvolvimento e avanço enológico do país.

Acontece que durante muitas décadas a uva foi dada como extinta devido à praga filoxera, que assolou a Europa durante o começo século XX. Somente no ano de 1994 é que o mundo voltou a ouvir falar dessa casta, quando o ampelógrafo francês Jean Michel Boursiquot, da Universidade de Montpellier, identificou um suposto clone tardio de Merlot como Carménère.

A partir disso, a uva vem se destacando cada vez, fazendo mais sucesso em solos latino-americanos do que em sua própria terra natal! As principais características dos vinhos chilenos desta casta é a delicadeza de seus taninos e seus aromas intensos, remetendo a cereja, mirtilos e nuances de pimentão. A nossa indicação para apreciar este ícone do Novo Mundo é o rótulo Exportacion, da maior vinícola da América Latina, Concha y Toro, e uma das versões tintas da linha Vinchante, assinada pela tradicional e familiar vinícola Ravanal.

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*Sujeito a alteração de estoque.

MERLOT

Uma das uvas que está na lista da francesas que se destacaram no Chile, Merlot é elencada como uma das cepas mais equilibradas, já que entregam estrutura e maciez em boca simultaneamente. 

Uma das regiões mais famosas pelo cultivo de Merlot é o Valle de Colchagua, no Valle Central. Para apreciar o melhor dessa fruta sem erro, a nossa sugestão é preparar um delicioso prato de batata ao forno com mussarela e canelone de carne.

SYRAH

Syrah, uva popular e conhecida como uma pérola do Ródano, na França, está plantada em diferentes lugares e origina diferentes tipos de vinhos chilenos.  

As bebidas elaboradas em regiões mais frescas, como as que estão mais perto da costa ou do norte do país, têm menos corpo e possuem notas apimentadas, enquanto os vinhos provenientes de climas mais quentes, exibem um corpo mais complexo e maior intensidade de sabores.

Para uma degustação mais completa, sugerimos os rótulos da linha Vinchante e Las Lagunas, que trazem as versões tinta e rosé dessa célebre uva.

   

*Sujeito a alteração de estoque.

PINOT NOIR 

Esta uva, conhecida por sua personalidade e temperamento peculiar, faz sucesso nas regiões de Borgonha e Champagne, na França, mas também se apoderou do clima privilegiado do país, dominando principalmente a área de Casablanca e do Valle de San Antonio. 

Originando vinhos chilenos com sabores frescos e elegantes, além de aromas que remetem a nuances de cereja, morango e cranberry, a Pinot Noir é um excelente acompanhamentos para refeições que entregam mais acidez como, por exemplo, pratos à base de tomates. 

O Chile também conta com o cultivo de uvas como Malbec, Cabernet Franc, País e Cariñena (Carginan).

AS UVAS BRANCAS DOS VINHOS CHILENOS

No Chile, as plantações de castas brancas estão dominadas por duas variedades internacionais: Sauvignon Blanc e Chardonnay.

SAUVIGNON BLANC

Considerado um dos maiores produtores de Sauvignon Blanc, o Chile entrega incríveis rótulos a partir dessa uva, como os queridinhos da linha Parras del 43 e Santa Angelica.

   

*Sujeito a alteração de estoque.

Os vinhos chilenos oriundo desta cepa costumam apresentar notas intensas de frutas tropicais e cítricas, dentre elas, abacaxi, pêssego e limão, sendo as pedidas ideais para aproveitar dias mais quentes, degustações com aperitivos leves ou pratos à base de peixes e frutos do mar. 

CHARDONNAY

Considerada a rainha das uvas brancas, a Chardonnay encontrou no chile as condições climáticas perfeitas para se desenvolver, especialmente na região central, onde há sol abundante para amadurecer a uva, e o frio noturno, que preserva a acidez da fruta. O resultado desses elementos são líquidos com muito equilíbrio, intensas notas de frutas e sabor marcante.  

Também é comum que vinhos chilenos elaborados com a uva tenham uma passagem em barricas de carvalho, o que traz maior estrutura, complexidade e persistência à bebida.  

Que tal apreciar essa uva queridinha mundo afora com os rótulos da linha Las Rocas e Vinchante?

   

*Sujeito a alteração de estoque.

Com todo esse histórico, ficou bem claro que os vinhos chilenos, além de saborosos e donos de inúmeras adegas no Brasil e no mundo, também são super diferentes entre si, a depender de sua região, principalmente em comparação com o país de origem dessas uvas, não é mesmo? 

VINHOS CHILENOS E SUAS CURIOSIDADES

Para encerrar essa enciclopédia sobre os vinhos chilenos, nada melhor do que algumas curiosidades sobre essa região:

  • O país produz vinhos sustentáveis: não é novidade que a sustentabilidade tem se tornado uma pauta cada vez mais relevante na atualidade, e, felizmente, o cuidado com o meio ambiente fazem cada vez mais parte dos vinhos produzidos no país, seja pela boa qualidade do solo, o isolamento geográfico – que reduz a necessidade de agentes químicos – ou até mesmo pelas políticas de produção da bebida.
  • Tecnologia na produção: como vimos antes, os vinhos chilenos são produzidos há séculos, e esse fato que fez com que a elaboração da bebida fosse manual por muito tempo. No entanto, nos últimos anos, o país tem se dedicado de maneira exemplar para modernizar a produção e investir em novas tecnologias.
  • Chile x Argentina?: A proximidade geográfica dos dois países faz com que você imagine que ambos os locais compartilhem as mesmas relações culturais em relação ao vinho e que os sabores dos mesmos sejam até parecidos, de certa forma, não é? Pois isso é um mito! Os dois entregam vinhos de excelente qualidade e são extremamente relevantes para o Novo Mundo, mas o resultado final dos produtos são bem diferentes. No fim das contas, o importante é que ambos são super queridos aqui no Brasil! Qual é o seu favorito? 

Agora que você já sabe tudo sobre os vinhos chilenos, que tal abastecer a sua adega com os seus favoritos? Um brinde!