Vinhos brasileiros: o cultivo de uvas da Europa no sul do Brasil
Cainelli, Don Giovanni e Bertolini: os novos vinhos brasileiros da Evino
Neste cenário de pandemia, produtores pequenos locais estão sendo diretamente afetados. Os vinhedos, suas principais vitrines, não vêem os clientes desde o início do isolamento social, recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Para fortalecer o produto e o produtor local, nós selecionamos alguns rótulos deles para compor o nosso catálogo de vinhos brasileiros.
Cada produto é único: escolhemos três vinícolas de três diferentes regiões do Sul
1. Cainelli
Com os primeiros trabalhos datados em 2012, a vinícola Cainelli nasceu de um sonho da família que lhe dá nome e hoje tem uma missão muito similar à nossa: propagar a cultura do vinho no Brasil. Carregam em seu DNA o amor pelo vinho – principalmente pelo vinho brasileiro – e trabalham para mostrar, por meio de cada rótulo assinado pelo enólogo Roberto Cainelli Jr., como as terras do Sul podem aparecer nos líquidos.
Roberto Cainelli Jr, enólogo da Vinícola Cainelli
O desejo de Roberto é aproximar os apaixonados por vinho da história e da luta diária daqueles que o produzem. “É o projeto da nossa vida”, disse o enólogo em uma entrevista feita pela Evino. “Além de nós, há muitas famílias que trabalham faça chuva ou faça sol no campo”.
O profundo respeito à natureza também marca o trabalho da produtora. “O vinho é o sangue da terra. É a mais intensa união entre o homem e a natureza”, diz.
Sob a filosofia humanizada e cultivo cuidadoso da família, a produção de 70 mil litros por ano origina rótulos nacionais elaborados a partir de uvas muito conceituadas no Velho Mundo, como Glera, Marselan e Cabernet Sauvignon: todos com características únicas, conquistadas no geoclima brasileiro.
2. Don Giovanni
A atividade dos vinhedos Don Giovanni começa ainda em meados de 1910, na produção de conhaques – na época, um destilado de uva. São nessas mesmas terras que, em 1982, ocorrem as primeiras vinificações da nossa bebida favorita pela Don Giovanni.
O cultivo é feito hoje nos mesmos solos, que hoje são reconhecidos como o município mais jovem do Brasil (emancipado em 2010): Pinto Bandeira, uma denominação de origem do Sul certificada com Indicação de Procedência (IP).
Vinícola Don Giovanni
Atribuído a determinados vinhedos partir de estudos realizados pela Embrapa Uva e Vinho e pela Universidade de Caxias do Sul (RS), o título certifica que todas as vinhas do rótulo foram cultivadas nesse pequeno pedaço de terra nas proximidades de Bento Gonçalves.
Hoje a vinícola produz vinhos de qualidade que representam, em uma produção de 100 mil litros por ano, os sabores brasileiros de rótulos elaborados, em sua maioria, a partir de Chardonnay e Pinot Noir. Em cada um deles, é possível sentir a tipicidade de Pinto Bandeira.
Com o primeiro espumante elaborado em 1997, a vinícola busca sempre se modernizar e, segundo o diretor Daniel Pazzini, inserir cada vez mais os princípios biodinâmicos em seu cultivo. “Estamos há 5 anos aprendendo os princípios biodinâmicos aumentam a cada ano”, diz. “Trabalhamos com uma redução racional e uso consciente de defensores químicos. Hoje já usamos 75% a menos”.
3. Bertolini
“O nosso diferencial como produtor pequeno é trabalhar com interferência mínima nos vinhos”, diz Paula Schenato, enóloga conceituada que hoje dá consultoria à Bertolini, vinícola situada em Encruzilhada do Sul, região também próxima a Bento Gonçalves.
Vinhedos em Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul. Foto: iStock
O trabalho da Bertolini começou no ano de 2012. É um negócio pequeno que foi fundado por 5 irmãos em homenagem à geração anterior da família, de Domenico Bertolini, que era composta por metalúrgicos especializados em cozinhas de aço.
Dessa homenagem, vêm os nomes dos vinhos: “Cadinho”, “Bigorna” e “Tenaz”, referências às ferramentas utilizadas para a construção desses espaços.
O foco é produzir líquidos que mostram ao máximo a tipicidade de Encruzilhada do Sul, região de clima ameno, em um vinho branco e vinhos tintos elaborados com uvas Chardonnay, Teroldego e uma mistura entre Merlot, Nebbiolo e Touriga Nacional: mistura europeia em vinhos brasileiros.
Para isso, a vinícola aposta em uma produção com pouca interferência. “Quanto menos interferência do homem, mais respeito ao terroir”, diz Paula.
Entendendo os vinhos brasileiros – e como harmonizá-los
Em Bento Gonçalves, a uva Marselan ganhou toques minerais e mentolados, originando o vinho que é hoje o carro-chefe da vinícola Cainelli: Origem 1929 Marselan 2014. Para nossa sommelière Jessica Marinzeck, o vinho mostra o cultivo cuidadoso que é feito dessa uva ainda rara em adegas brasileiras, e que pode servir para uma harmonização inusitada: “vai muito bem com charutos, por exemplo”, diz Jessica.
*Sujeito a alteração de estoque.
No sul do país, a Cabernet Sauvignon costuma originar tintos bastante mentolados, e é exatamente nisso que o Cabernet da Cainelli se diferencia: é um rótulo muito rico em frutas vermelhas.
Nossa sommelière recomenda: “é legal aproveitar o mês junino para harmonizar esse Moscatel brasileiro com uma sobremesa bem nossa, o arroz doce”.
Jessica Marinzeck, Sommelière eleita em 2019 como um dos 50 nomes para o futuro do mundo do vinho pelas instituições Wine &Spirits Education Trust e International Wine & Spirit Competition
Além do Prosecco, também temos o Moscatel da família, que se diferencia no equilíbrio surpreendente entre doçura e intensidade, características comuns da uva.
Já a Don Giovanni, situada na montanhosa Pinto Bandeira, nos traz versões brasileiras com acidez equilibrada e fruta marcante das uvas Chardonnay e Pinot Noir na produção de espumantes, principalmente, e tintos.
O espumante Nature da vinícola conquistou o coração da nossa especialista Jessica, que ressalta: “é um espumante gastronômico. Vai muito bem com aves, principalmente”.
*Sujeito a alteração de estoque.
Os rótulos mais “rústicos” da Bertolini também são opções surpreendentes. Enquanto o Chardonnay revela uma versão mais amanteigada da uva – que já falamos sobre aqui no EvinoBLOG -, o blend ‘Cadinho’ tem uma porcentagem significativa de Nebbiolo, o que faz dele o vinho bem gastronômico.
A degustação mais curiosa fica por conta do Teroldego, vinho potente e encorpado que é como um vinho de meditação. A nossa sommelière Jessica explica: “é um líquido complexo, que exige uma ‘meditação’: você deixa por uns 30 minutinhos no decanter e, enquanto degusta, percebe a evolução do vinho, que a cada taça mostra novas características”.
Apoie o produtor local
Abrimos a Semana do Vinho Brasileiro na nossa loja para que você tenha chance de dar uma força maior ao pequeno produtor brasileiro, principalmente neste cenário de pandemia. Mas, como bem reforçou a enóloga Paula Schenato, as chances não acabam por aí: “é também uma oportunidade de conhecer e valorizar o produto local”.
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