Guia Vinho Rosé: O que é, Produção, Uvas e mais | Evino
O vinho rosé é aquele de cor rosada, cuja intensidade varia de acordo com as uvas e os métodos de produção utilizados. A tonalidade pode ir de um rosa quase translúcido até um vermelho pálido. Esse estilo de vinho, delicado e versátil, vem conquistando muitos paladares no mundo todo.
O destaque desse estilo ao longo dos anos culminou na criação de uma data especial, o Dia Internacional do Rosé. A data foi idealizada por Valérie Rousselle e é celebrada toda quarta sexta-feira de junho.
Se você ainda não se aventurou pelo universo dos rosés ou se já é um grande fã e quer saber mais sobre esse tipo de vinho, preparamos aqui um guia completo contando desde os primórdios da bebida, técnicas de vinificação, uvas utilizadas, regiões famosas e, é claro, dicas de consumo.
Como surgiu a produção de vinho rosé?
Há milênios atrás, quando os primeiros povos deram início a produção de vinho, diferentes uvas eram colocadas juntas para fermentar. Os vinhos não tinham uma separação clara sobre brancos e tintos e, muitas vezes, os tintos eram diluídos para o consumo; não tinham a cor intensa que conhecemos hoje.
Como é feito vinho rosé?
Mas afinal de contas, hoje em dia, como é feito o vinho rosé? Continua sendo uma mistura de vinhos branco e tinto? Em primeiro lugar é importante dizer que a pigmentação do vinho vem de uma substância chamada antocianina, presente na casca das uvas tintas. Dessa forma, já sabemos que precisamos de castas tintas. Existem 4 métodos de elaboração de rosé:
Prensagem Direta
À medida que as uvas são esmagadas, o suco entra em contato com as cascas da uva apenas durante o ciclo de prensagem, que leva de 1 a 4 horas. Logo após, o mosto é colocado para iniciar a fermentação. Esse é um processo rápido e delicado, muito similar a produção de vinhos brancos. O vinho resultante apresenta cor clara, aromas de frutas vermelhas, como morango, framboesa e cranberry, e flores. Este é o método utilizado na região de Provence.
Maceração Curta
Depois de esmagar as uvas, elas são deixadas a macerar junto com o suco de 8 a 24 horas, em uma temperatura controlada entre 16-20ºC. A duração da maceração irá influenciar a intensidade de cor e taninos no vinho final.
Posteriormente, o mosto (o suco) é fermentado a baixas temperaturas para preservar os aromas de frutas; o vinho resultante tem cor mais intensa, mais corpo, taninos e aromas de frutas como cereja, ameixa e amora e pode ter um toque de especiarias, como pimenta branca. Essa produção é muito comum na região de Tável, no Vale do Rhône.
Sangria
O termo vem do francês saignée, que significa “sangrar”. Neste método, o enólogo começa o processo de produção de um tinto, ou seja, as uvas são esmagadas, maceradas e a fermentação inicia em meio ao processo de maceração. Após algumas horas, cerca de 10% desse vinho é “sangrado”, escoado para fora do tanque, para que a fermentação siga sem as peles junto. O vinho que permaneceu com as peles irá continuar a produção de um tinto.
O objetivo deste método é gerar vinhos mais concentrados, apesar de não ser tão fácil encontrar rosés feitos dessa forma, esta é uma técnica comum em Napa e Sonoma, nos Estados Unidos.
Mistura
Consiste em adicionar uma pequena quantidade de vinho tinto a um vinho branco. Apesar de não ser muito comum, este método é permitido em algumas regiões específicas, na Europa, por exemplo, apenas a região de Champagne tem autorização para produzir rosés dessa forma. A intensidade de cor dos vinhos vai depender da quantidade de vinho tinto utilizada na mistura; os aromas podem variar entre frutas vermelhas e brancas de caroço.
Principais uvas
A escolha das uvas utilizadas pode variar de acordo com alguns fatores; determinadas regiões precisam seguir as castas determinadas pela legislação local, na região de Champagne, por exemplo, as únicas castas autorizadas são a Pinot Noir e a Pinot Meunier. Caso um produtor opte por fazer um vinho fora da denominação, ou a escolha das uvas seja livre, fatores como nível de cor, tanino e acidez da própria uva podem ser levados em conta para atingir o estilo de vinho rosé desejado.
A acidez da uva é um importante fator a ser considerado, afinal é ela que dá estrutura e ajuda a trazer o frescor característico dos rosés. Teoricamente, toda uva tinta pode produzir vinhos rosés. Entretanto, algumas variedades são mais comuns do que outras. Vamos conhecer as mais famosas:
Garnacha / Grenache
A Garnacha é uma uva de origem espanhola, conhecida como Grenache na França. As uvas possuem pele fina, alto nível de açúcar e acidez moderada. Os rosés feitos com ela geralmente são secos, mas podem apresentar uma pequena quantidade de açúcar residual, já que essa é uma uva naturalmente doce. São vinhos encorpados e com sabores de frutas vermelhas.
Syrah
A Syrah é uma uva francesa de bagos pequenos, de pele grossa e escura, acidez média e taninos altos. Os aromas são de frutas pretas, como groselha e ameixa, e especiarias como pimenta branca. Na versão rosé é mais comum encontrá-la junto com outras uvas, como a Grenache, Mourvèdre, Carignan e Cinsault.
Pinot Noir
Casta originária da região da Borgonha, nordeste da França, de pele fina, níveis altos de acidez e baixo teor de taninos. Produz vinhos elegantes e delicados, com aromas de frutas vermelhas e um toque terroso.
Outras uvas
Como dissemos antes, é possível fazer rosé com qualquer uva tinta. A Malbec, conhecida pelos tintos potentes e amadeirados, tem sido a protagonista de belos rosés argentinos. Outras uvas como a Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Primitivo (Zinfandel), Nebbiolo, Negroamaro, Sangiovese, Tempranillo e Tannat, também são utilizadas na produção de rosés em diferentes regiões do mundo.
Principais Regiões Produtoras de Rosé
Quando comparado com os vinhos brancos e tintos, tanto a produção quanto o consumo de vinho rosé são bem menores. Contudo, alguns países saem na frente e estão conquistando cada vez mais mercado com sua produção de rosés nos mais diversos estilos.
França
Na França temos a Provence, a região mais famosa no mundo pela produção de rosés, não é atoa que seus vinhos são referência para o estilo claro, elegante e frutado. Localizada na costa sudeste, a região é rodeada pelo mar; o clima é Mediterrâneo e recebe muitas horas de sol, o que ajuda na maturação das uvas. De modo geral os vinhos são feitos com cortes que mesclam Grenache, Syrah, Mourvedre, Carignan e Cinsault.
No Vale do Rhône, o destaque é a produção de tintos, entretanto existe uma denominação de origem voltada apenas para a elaboração de rosés, AOC de Tavel. Os vinhos são feitos principalmente com a uva Grenache pelo método de saignée, o resultado é uma bebida de muita estrutura, com aromas de frutas vermelhas, pêssego, especiarias e amêndoas.
Espanha
A região de Navarra deve parte de sua fama à produção de rosé. As uvas utilizadas incluem Tempranillo, Cabernet Sauvignon e Merlot, embora o rosado de Grenache de vinhas velhas seja considerado a expressão mais alta para a região. O método utilizado é o saignée, que gera vinhos concentrados e encorpados.
Em Rioja os vinhos tintos e potentes com passagem em barricas são o grande destaque do setor vinícola. Na produção de rosés, esse processo não é muito diferente, ao contrário da maioria dos produtores de rosé, que buscam um estilo mais leve, o rosé de Rioja segue as regras clássicas de envelhecimento em barricas de carvalho: joven (sem exigência de envelhecimento), crianza (envelhece 18 meses, com seis meses em barrica); reserva (dois anos com seis meses em barril) e gran reserva (quatro anos de envelhecimento, sendo 6 em meses em barril). As principais uvas são Grenache e Tempranillo.
Itália
No norte da Itália, em torno do Lago de Garda, onde as regiões de Veneto e Lombardia convergem, a produção de rosé é uma tradição de longa data. Conhecido localmente como Chiaretto, que significa “leve” ou “pálido”, foi feito pela primeira vez na área em 1896, o que torna a região uma das mais antigas áreas produtoras de rosé na Itália. Lá, a denominação mais famosa para rosato é Bardolino Chiaretto e a principal casta utilizada é a Corvina, misturada com Rondinella e Molinara.
Na região central, a Sangiovese é a principal uva, muitas vezes junto com a Cabernet Sauvignon. Na denominação de origem de Bolgheri, localizada perto da costa, o estilo é vibrante e saboroso e fresco.
Já no sul do país temos duas regiões de destaque, a Puglia e a Sicília, ambas de clima mediterranêo. Na Puglia as principais uvas são Primitivo e Negroamaro, e na Sicília as castas Nero d’Avola e Nerello Mascalese. Todas são uvas adaptadas a climas quentes e apresentam aromas intensos de frutas vermelhas.
Como harmonizar vinho rosé?
Depois de saber como é feito, quais as principais uvas e regiões produtoras, só falta entender o que combina com vinho rosé. Para a felicidade gastronômica, o rosé é muito versátil para harmonizar, podendo acompanhar desde entradas mais leves, passando por pratos mais pesados, como carne vermelha e até mesmo com uma sobremesa.
Saladas e Frutos do Mar
Para acompanhar aperitivos, saladas e frutos do mar, aposte em rosés secos, em especial aqueles elaborados por prensagem direta, que vão ser os mais claros. Esse estilo é mais leve e tem um bom nível de acidez, compatível com os pratos; além disso os aromas delicados ficaram em equilíbrio com os sabores da comida.
Peixes e Aves
No prato principal, as carnes brancas, como peixes e aves, geralmente são temperadas com ervas finas. Tendo isso em mente, a recomendação é escolher vinhos rosés que tenham corpo leve a médio, feitos com uvas que aportam aromas herbáceos para combinar com os temperos, por exemplo: Cabernet Sauvignon, Mourvèdre e Syrah.
Carnes e Massas
Carnes vermelhas e massas não ficam de fora! Cortes delicados como o filé mignon podem ficar ainda mais deliciosos com um rosé de Pinot Noir; já a picanha, que tem bastante gordura, harmoniza bem com um rosé de Malbec, que apresenta mais estrutura e sabores mais fortes. Carnes de caça, como a de cordeiro, combinam muito bem com o potente rosé de Tavel. Para as massas, o que vai mandar na combinação é o molho, se for um molho de manteiga e sálvia, opte por um rosé de Provence; caso o molho seja de queijo, o rosé italiano feito com a Sangiovese pode ser uma boa opção.
Sobremesas
Por fim, no caso das sobremesas, podemos pensar em rosés doces. Vale lembrar que deve-se ter um cuidado na harmonização de pratos doces, o vinho deve ser sempre tão ou mais doce que o prato. Sendo assim, escolha sobremesas à base de creme ou frutas para combinar com o seu rosé.
Conheça Rosés
Depois de explorar as informações sobre o mundo dos rosés, chegou a hora de explorá-los na taça! Conheça abaixo alguns estilos de rosés que vimos neste Guia:
Anciano Garnacha Rosado Campo de Borja DO 2019: espanhol, feito com a uva Garnacha.
Vivid Rosé: se você gosta de rosé doce, no estilo piscine, você também vai se apaixonar pelo Vivid. Um vinho feito para ser tomado com algumas pedrinhas de gelo e viver o momento.
Goulart Rosé Malbec Luján de Cuyo DOC 2020: a Malbec brilha neste rosé seco, elaborado na prestigiada denominação de Luján de Cuyo, uma província dentro de Mendoza.
Echeverria Pinot Noir Rosé 2018: no terroir do chile, a elegante Pinot Noir não deixa nada a desejar neste vinho leve e refrescante.
Villa Riviera Splendid Côtes de Provence AOC 2019: o rei dos rosés, direto de Provence para a sua taça. Feche os olhos e deixe Villa Riviera te levar para um passeio nos campos de lavanda do sul da França.
Champagne Nicolas Feuillatte Réserve Exclusive Rosé: já que a única região que pode fazer rosé pelo método de mistura, nada mais justo que conhecer esse estilo.