Vinho branco: guia de características, produção, uvas e mais
Os vinhos brancos são apreciados por sua leveza e refrescância, mais procurado em épocas quentes ele é ideal para acompanhar pratos leves. Mas será que os vinhos brancos se resumem nisso? Definitivamente há muito mais para entender e explorar. Neste artigo vamos explicar como é a produção desse estilo de vinho, quais as uvas mais famosas, além de dicas de harmonização e de rótulos para provar.
O que é Vinho Branco?
Em inglês é white, em francês é blanc, em italiano bianco, em espanhol blanco e em alemão é weiss. O vinho branco é caracterizado pela sua cor, que pode variar entre um tom de amarelo palha quase translúcido até o dourado ou âmbar. De forma geral, são vinhos que apresentam menores níveis de compostos fenólicos, mas isso não significa que sejam menos interessantes quando comparados aos tintos; existem vinhos brancos muito complexos e com mesmo potencial de guarda (envelhecimento) que os tintos.
Como é feito Vinho Branco?
Via de regra, o vinho branco é feito com uvas brancas. Entretanto, a cor da casca não é um fator decisivo; é possível fazer vinho branco com uvas tintas desde que o suco seja delicadamente retirado, evitando o contato com as cascas, já que o pigmento encontra-se nelas. Apenas as castas chamadas de tintureiras não podem ser utilizadas, já que sua polpa também é vermelha.
Prensagem
Assim que as uvas chegam na adega elas são desengaçadas (tiradas do cacho) e levadas para prensar. À medida que as uvas são esmagadas, o suco (mosto) é liberado e já separado das cascas. No caso de algumas variedades mais aromáticas, o produtor pode optar por deixar o mosto em contato com as peles por um curto período, ajudando a extrair mais aromas e sabor.
Fermentação Alcoólica
Após a prensagem, o mosto é levado para fermentar; nessa etapa as leveduras transformam o açúcar natural da uva em álcool. A fermentação do vinho branco geralmente é feita em tanques de inox e com temperaturas mais baixas do que a dos tintos, entre 12 e 22ºC. Isso ajuda a preservar o frescor e os aromas de frutas no vinho.
Após a fermentação, o vinho pode ficar um tempo em contato com as borras – formadas pelas leveduras que morrem durante o processo – aportando textura e corpo no vinho, em decorrência dessa técnica podem aparecer aromas de manteiga, biscoito assado e pão. Essa etapa pode ser designada por meio de legislação ou se assim o produtor desejar.
Envelhecimento
Envelhecer o vinho é uma etapa obrigatória em algumas regiões, mas pode ser uma etapa opcional em outras. Quando o objetivo é uma bebida fresca, feita para o consumo enquanto jovem, não há necessidade de se passar por esse processo. No caso de fazer essa etapa, o vinho pode ficar em um recipiente inerte, como o tanque de inox e de concreto, ou em barris de carvalho, que pode aportar aromas de especiarias e nozes ao vinho. Esses são os recipientes mais comuns de envelhecimento, existem outros como ânfora e concreto, que também são neutros.
CURIOSIDADE: No dia 4 de agosto é comemorado o Dia do Vinho Branco. A data surgiu nos Estados Unidos, mas também é comemorada na Austrália.
Principais uvas brancas
Chardonnay
Essa é a uva branca mais plantada no mundo, não à toa é conhecida como a rainha das uvas brancas. A Chardonnay é uma casta muito versátil que se habitua a diferentes climas e pode gerar tanto vinhos leves, com alta acidez e aromas de frutas cítricas quanto exemplares encorpados, com notas de frutas tropicais. Essa é uma uva que também se adapta bem ao uso de madeira.
Sauvignon Blanc
Essa é uma casta bem aromática, de alta acidez e que se adapta melhor em lugares de clima fresco. Os aromas de maracujá e aspargos são característicos dessa variedade. Diferente da Chardonnay, a Sauvignon Blanc não é muito adequada ao uso de madeira, sendo mais comum exemplares para consumo jovem.
PINOT GRIGIO
Essa é uma casta pouco aromática que pode gerar diferentes estilos de vinho. Em climas mais quentes ela produz exemplares de menos concentrados; em climas mais frescos produz vinhos com mais acidez. Os vinhos costumam ter aromas de pêra e pêssego branco.
Riesling
Uva originária da Alemanha que produz tantos vinhos secos como doces de sobremesa. Apresenta níveis altos de acidez e aromas intensos de frutas – que variam entre maçã verde, manga e damasco, além de toques de mel.
Outras uvas
Existem muitas variedades que não são tão conhecidas. Na Itália a uva branca mais plantada é a Trebbiano, que tem altos níveis de acidez e aromas de limão e erva doce. A Chenin Blanc é uma uva francesa, da região do Loire, e que produz vinhos com notas de limão e abacaxi; essa casta é amplamente cultivada na África do Sul. Outra importante uva francesa é a Sémillon, que origina vinhos de sobremesa na região de Bordeaux, os famosos Sauternes.
Na Espanha, a Airén é a uva mais plantada entre tintas e brancas. Os vinhos geralmente são secos e fáceis de tomar. Em Portugal há muitas uvas nativas, entre elas temos Loureiro e Arinto que costumam aparecer junto com a Alvarinho na produção de vinhos da região de Vinho Verde. E não podemos esquecer da família de uvas conhecida por Moscatel, que cria deliciosos brancos e espumantes aromáticos.
Como servir Vinho Branco?
Para que sua experiência seja ainda mais agradável, existem algumas dicas de como tomar vinho branco. Começando pela temperatura de serviço, que deve ser mais baixa do que para vinhos tintos. Recomenda-se servir brancos leves entre 7 e 10ºC, enquanto os brancos encorpados entre 10 e 13ºC.
A taça recomendada também é menor, isso para que as características de frescor e fruta se concentrem e não fiquem muito longe do olfato, tornando a degustação mais prazerosa. Não há problema em servir na mesma taça de vinho tinto caso queira.
Como Harmonizar Vinho Branco?
Os vinhos brancos são mais fáceis de harmonizar do que os vinhos tintos, afinal de contas os taninos dos tintos são mais um fator a se levar em consideração. Existe a máxima de que vinhos brancos combinam bem com aperitivos e peixes, mas não é só isso. Na hora de escolher o que comer com vinho branco temos que entender primeiro se o vinho se trata de uma versão mais leve, fresca e frutada ou de um vinho mais encorpado.
Entradas
Pratos como saladas, caldo verde, queijos frescos e frutos do mar são delicados e apresentam sabor leve, para combinar opte por um vinho branco de corpo leve. Experimente um Pinot Grigio com uma salada de camarões ou mesmo uma casquinha de siri com uma taça de Airén.
Peixes e Aves
A harmonização de carnes brancas com vinho branco é a mais clássica. No caso dos peixes, os vinhos brancos são indicados por não apresentarem taninos, substância que ao entrar em contato com o iodo do peixe, causa um gosto metálico na boca. Outro fator que faz dessa combinação um sucesso é a alta acidez dos brancos, que realça o sabor da carne, assim como aquela espremidinha de limão.
O Saint Peter é um peixe de sabor bem delicado que fica bem com brancos leves. Para acompanhar o bacalhau com legumes, sugerimos um belo vinho português, em especial os da região de Vinho Verde.
As aves que também apresentam sabor mais suave, como o frango, que geralmente é temperado com ervas finas, ficam deliciosas com uma taça de Verdejo. Codorna feita na manteiga acompanha bem um chardonnay. Aves de sabor mais forte, como pato com laranja, harmonizam muito bem com Riesling.
Massas e Risotos
No caso das massas, o molho será o fator considerado para a harmonização. Molho pesto, feito com manjericão, fica uma delícia com Sauvignon Blanc, uva que apresenta aromas herbáceos. Para molhos de queijo a pedida é um vinho fresco e com intensidade de sabor, a uva Viognier pode se encaixar muito bem aqui.
E qual o vinho branco para risoto? Esse prato leva vinho branco no seu preparo e uma laternativa é harmonizar com um vinho semelhante ao utilizado no preparo. Mas se você quer uma novidade, espumantes costumam ser coringas neste momento. Esse é um prato que costuma levar queijo no preparo, o que deixa uma textura cremosa que vai ser muito bem acompanhada pelas borbulhas desses vinhos.
Sobremesas
Para os pratos doces, a recomendação é escolher um vinho também doce. Pela delicadeza de aromas dos vinhos brancos e sua alta acidez, sobremesas à base de chocolate não são recomendadas. Prefira doces feitos com cremes, castanhas ou frutas.
A torta de morango acompanha muito bem uma taça de espumante moscatel. Um bolo de amêndoas pode ficar ainda melhor com um vinho do porto branco. Mousse de maracujá pode combinar cum uma taça de Sauvignon Blanc, que também apresenta essa nota de fruta cítrica tropical.
Conhecendo Rótulos
Agora que você já aprendeu como o vinho branco é feito, como servir e harmonizar, só falta escolher qual vai ser a pedida de hoje. Separamos aqui algumas dicas de vinhos para você explorar:
Vinhos Brancos Leves
Viñapeña Blanco: um vinho refrescante e frutado, com sabores de frutas cítricas e damasco, ideal para um momento de descontração ao final do dia.
Cruzeiro Vinho Verde DOC: elaborado com 3 uvas, Loureiro, Arinto e Trajadura; apresenta ótima acidez, aromas frutados e toques herbáceos bem típicos dos rótulos dessa região.
ZioBaffa Pinot Grigio 2020: além de ser orgânico e vegano, é um tributo ao surf, viagens, à família, e claro, ao vinho. Apresenta corpo leve e aromas de frutas cítricas como limão e abacaxi.
Vinhos Brancos Aromáticos
De Martino Sauvignon Blanc Valle de Casablanca D.O. 2020: na região de Casablanca, De Martino trabalha a Sauvignon Blanc de modo a conseguir uma expressão fresca e delicada da uva, exprimindo elegância por meio dos seus aromas de maracujá, abacaxi e aspargos.
Gustav Riesling Trocken Rheinhessen 2020: produzido na região vinícola de Rheinhessen, este rótulo nos mostra que é impossível não se apaixonar por um bom Riesling. Apresenta aromas intensos de frutas cítricas e maçã-verde, com nuances minerais.
Goulart T Torrontés Small Production 2020: cultivada nos vinhedos centenários da família Goulart, a Torrontés origina um vinho frutado, refrescante, delicado e extremamente aromático,com notas de frutas brancas, com notas florais e toques de manjericão.
Vinhos Brancos Encorpados
Domaine Tariquet Chardonnay Côtes de Gascogne IGP 2020: após um período de 6 meses em barricas de carvalho, ele adquiriu um caráter rico e redondo, expressando deliciosos aromas de frutas brancas e manteiga fresca, com leve toque de flores e baunilha.
Alto De La Ballena Viognier 2020: casta bem aromática, que apresenta notas de pêssego, damasco e flores brancas, e que encontrou em Maldonado as condições ideais de sol e calor que precisa para amadurecer e mostrar seu potencial.
M. Chapoutier Les Moniers Crozes-Hermitage AOP 2018: feito com a uva Marsanne, na região de Hermitage, famosa pelos brancos encorpados e complexos. Apresenta aromas de maçã verde, flores, damasco e toques de laranja.