Como ler rótulos de vinhos: hora de aprender! Sabemos que julgar um livro pela capa não é legal. Mas com vinho, isso pode ser diferente. Você procura um Tempranillo, faz um raio-x no catálogo e, nada. Encontra Rioja, Ribera e Rias Baixas, mas nem sinal de Tempranillo. Ué?

rótulo vinho

A boa notícia é que essa frustração tem solução e, ainda que ler o rótulo parece ser uma tarefa difícil, vamos te mostrar que não é bem assim. Descubra de vez como ler um rótulo de vinho com nosso guia completo!

Como ler os rótulos do Velho Mundo

Região e terroir

O sistema de rotulagem utilizado nos países europeus pode parecer pouco amigável para os habituados a Malbecs argentinos e Carménères chilenos. Isso é porque a vitivinicultura do Velho Mundo precede estudos ampelográficos. Em português claro, isso sinaliza o costume de levar-se mais em consideração a região de produção de um vinho, do que as uvas utilizadas em sua elaboração.

Na França existe até um termo para isso: é o terroir. Terroir é a mistura entre fatores climáticos e geológicos que se refletem na taça. Na teoria, o terroir vai definir a personalidade do vinho, e, na prática, sua designação de origem geográfica, que explicaremos um pouco mais a frente.

Denominações de Origem

A localidade da produção será indicada por dizeres como Apelação ou Denominação de Origem Controlada ou Indicação Geográfica Típica no rótulo, e essa informação deverá ser tratada com devida relevância. Uma vez que cada apelação carrega em si um conjunto de normas, a produção da bebida deverá contemplar uma série de premissas, entre elas a composição de uvas.

França

como ler rótulos

No caso do vinho acima, você vê Château Simard, que é a vinícola, e logo em seguida a região onde foi elaborado, Saint-Emilion. Abaixo o AOC – Apelação de Origem Controlada. “Tá, mas o que esse nome quer dizer?” Ele diz que o vinho em questão foi elaborado sob uma série de regras, e feito ainda com as uvas clássicas de Bordeaux, como Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Merlot.

Itália

Já a região do Piemonte, em virtude de sua proximidade aos Alpes e ao Mediterrâneo, é tomada diariamente por uma forte neblina. Esse fator, determinante para o terroir local, salienta os pontos mais altos de suas colinas. Isso possibilita o melhor amadurecimento da difícil uva Nebbiolo.

barolo

Tais pontos geográficos contemplam denominações de origem prestigiadas, como Barolo, onde os tintos mais longevos são produzidos. Fica evidente aqui a importância da região para as características do vinho. Somente a palavra ‘Barolo’ escrita  num rótulo já pressupõe uma infinidade de elementos relevantes para a sua elaboração.

Para ser um Barolo, o vinho deve, obrigatoriamente, ser um DOCG – Denominação de Origem Controlada e Garantida.

Lembrando que, isso não se relaciona à qualidade de um vinho, mas às características dele. Cada país possui suas próprias denominações, o que pode causar uma certa confusão.

Espanha

rótulo vinho

A mais alta das classificações da Espanha é o DOCa – Denominação de Origem Calificada. Nela, se encaixam apenas regiões que tenham, pelo menos, dez anos de existência. Hoje em dia existem apenas duas: Priorat e a renomada Rioja, que é mostrada na foto acima.

É claro que a Tempranillo reina absoluta, e como consequência, se tornou regra que os vinhos de lá fossem elaborados 100% com a uva.

Se um vinho é classificado apenas como D.O – Denominação de Origem, isso significa que ele satisfaz algumas especificações, como castas utilizadas, viticultura e localização.  

Mas não se esqueça que, quando falamos de Espanha, existem algumas outras classificações que devemos levar em conta. 

Como ler os rótulos do Novo Mundo

rótulo el molino

Diante da complexidade inerente à classificação por região, foi natural que se adotasse o hábito ‘novomundista’ de rotular por uvas. Dessa forma, consegue-se uma leitura pronta daquilo que um vinho tem a oferecer.

Se falamos de Zinfandel, podemos esperar um tinto de corpo médio, com certo açúcar residual e versatilidade para a harmonização.Se temos em mãos um Merlot com estágio em barrica, já antecipamos taninos sedosos e aromas de frutas e especiarias. 

Curiosidades para contar durante o jantar

  • Mis en bouteille à la proprieté, au domain ou au château, como sugerido acima, indica que o vinho foi engarrafado na vinícola onde as uvas foram colhidas e vinificadas. O outro caso é o método que os négociants usam, por exemplo, de comprar uvas de pequenos produtores que não têm infraestrutura para o processo todo.
  • Vieilles Vignes, em francês, significa ‘vinhas velhas’. Faz alusão à idade avançada das parreiras que deram origem aos frutos presentes naquele vinho. Trata-se de um elemento capaz de agregar valor ao rótulo, já que vinhas velhas possuem raízes mais profundas e maior intimidade com o ecossistema. Isso gera frutos mais complexos e ricos em nutrientes.
  • Elevé en Fûts de Chêne é o indicador de que o vinho francês, ou eventualmente marroquino, foi amadurecido em barris de carvalho.

Agora que você já aprendeu como ler rótulos, que tal mergulhar de vez no mundo dos vinhos para colocar seu conhecimento em prática? É só clicar aqui.